quinta-feira, 24 de junho de 2010
Foto 1. Mosteiro Passionista de Tarquínia, porta de entrada, à esquerda, o locutório.
Foto 2. Venerável Madre Maria Crucifixa de Jesus.
Foto 3. - Porta de entrada, vista de dentro
Foto 4. Crucifixo de madeira, obra do escultor Gervasio Pasquini (1894). As outras imagens ao pe da cruz, foram confeccionadas em cera, pelas monjas da Comunidade.
Foto 5. Mosteiro Passionista de Tarquínia, parte original e a nova, restaurada em 1861.
“Quando Paulo falava da fundação deste mosteiro,” depôs Madre Maria Crucifixa, revelando um aspecto íntimo do Fundador, “sentia tanta satisfação, que às vezes vertia lágrimas e me dizia que se estivesse presente no dia da inauguração do mosteiro, morreria de tanta consolação”(POC, f. 339v)..
Foram onze as Monjas Passionistas que formaram a primeira comunidade do Mosteiro de Tarquínia : - Instituto das Religiosas da Paixão de Jesus Cristo.
Na inauguração estavam presentes dez aspirantes, faltando a “Superiora”, escondida no mosteiro beneditino, aguardando sua transferência para este outro.
Paulo, como seu diretor espiritual, estimulava-a a seguir, sempre mais para o alto, solícito de que a nossa Madre acabasse “por morrer daquela morte mística em Cristo, que traz em si uma nova vida de amor, vida divina”...( Cartas, II, p. 306). “Para isso , é indispensável “Sofrer em sagrado silêncio de pura fé, pobre e aniquilada sobre a cruz do doce Jesus.”(Cartas, II, p. 294).
Em outra carta Paulo escrevia-lhe: “Espero que esteja, de boa vontade, crucificada com
Jesus Cristo, sem conforto, já que lhe traz o nome.”
Irmã Maria Crucifixa permaneceu fiel aos ensinamentos do seu diretor espiritual. Ela teve sempre plena consciência de sua missão reparadora, missão de solidariedade com os irmãos.
O que importa e será sempre válido, a respeito das penitências da venerável Madre Maria Crucifixa são os motivos teologais que a estimularam a prolongar em sua própria carne a Paixão redentora de Cristo (Col. I, 24).
Hoje, as comunidades dos Mosteiros Passionistas seguem em frente, dando continuidade aos anseios dos Fundadores, Paulo da Cruz e venerável Madre Maria Crucifixa de Jesus que, com tanto ardor, apaixonados por Jesus Crucificado e pela missão, jamais se pouparam para que existíssemos na santa Igreja de Cristo.
Que o Senhor nos abençoe e proteja; faça que surjam vocações fervorosas e apaixonadas, vivendo intensamente o mistério pascal.
Madre AÂngela Teresa e Ana Maria Casamayor
Entre o grupo das onze primeiras monjas passionistas que compunham a primeira comunidade, além da venerável Madre Maria Crucifixa de Jesus, salientaram-se também: Madre Angela Teresa e Ana Maria Casamayor .
“Eu tinha cinco anos, quando Paulo, pôs as mãos em minha cabeça dizendo-me que eu seria monja da sua Congregação e seria Superiora, como aconteceu” (M.A.Teresa, POC. f. 326-v.). Em 1777, de fato, quando Teresa se apresentou para depôr no processo apostólico do Santo, tinha sido eleita Presidente, sucedendo ao cargo da Madre Fundadora. O nome de Presidente corresponde ao de Superiora, pois, assim quis São Paulo da Cruz, que a chamássemos. Superiora é somente Nossa Senhora das Dores, padroeira da Congregação Passionista.
Da preciosa correspondência entre Paulo e Madre Ângela Teresa, restam 43 cartas de Paulo.
Na comunidade, as irmãs logo perceberam ser ela altamente privilegiada. Lemos nas Crônicas do Mosteiro: “Parece que a natureza e a graça disputavam, concorrendo para torná-la repleta daqueles dons e prerrogativas que se requerem de uma excelente Superiora: inteligente, bom coração, fortaleza e coragem, sagacidade e destreza, unida a suma prudência ornada de especiais virtudes.” (Crônicas, p. 25).
Mais: “O Instituto das Passionistas era, então, recém nascido e necessitava de quem continuasse a ensinar-lhes os primeiros passos, consolidando-o e formando-o no seu verdadeiro espírito para que, quando desaparecessem os primeiros esplendores, pudesse guiar os demais. E tudo isso aconteceu, maravilhosamente, com a Madre Ângela Teresa.
Venerada como “verdadeiro modelo de perfeição e coluna do Instituto, nossa Madre Ângela Teresa da Assunção viveu os funestos momentos da supressão napoleônica. Expirou numa casa particular de Tarquínia no dia 7 de dezembro de 1810.” (Crônicas, p. 47 e 54).
ANA MARIA CASAMAYOR - Tendo ouvido falar de Paulo, em uma de suas missões, foi ouvi-lo quando pregava e declarou: “Foi assim que eu pude conhecê-lo de perto: possuía um carisma especial para inflamar no amor de Deus a quem o ouvia” (Madre Rosalia, POC . f. 362).
“Apenas eu manifestei ao padre Paulo que desejava ser religiosa no convento das capuchinhas, ele se pôs em pé e com os olhos brilhantes disse-me que eu não me tornaria monja capuchinha de Santa Flora, mas sim, de uma nova Congregação, cujo mosteiro seria fundado em Corneto (hoje, Tarquínia) e que eu seria uma das primeiras a ingressar nele.”
Dizia-lhe: “Vejo-a como se já fosse monja. Você já é uma monja diante de Deus. Animando-me deste modo, fez-me esperar quinze anos até que, com imensa consolação, pela divina misericórdia pude ver cumpridas tais previsões.” O Santo foi sempre muito paterno com Ana Maria que, infelizmente, não conservou nenhuma das cartas dele. Ao professar ela recebeu o nome de Rosalia, a padroeira de sua cidade, Palermo. Várias vezes foi eleita como Mestra de Noviças; possuía o espírito de profunda oração.
SONETOS PARA DIREÇÃO ESPIRITUAL
(SÃO PAULO DA CRUZ)
Dedicatória:“Minha filha em Jesus Crucificado, envio-lhe esta “cansoneta”para sua direção espiritual. Foi feita em meio às tempestades em que me encontro sempre imerso. Seja sempre adorada,louvada e bendita aquela diviníssima vontade que assim dispõe. Amém.”
1. Na escuridão da fé
a alma frui o Deus que crê
em todo e qualquer lugar .
derretendo-se em amar.
2. Lá se abrasa docemente
elevando ao céu a mente;
em seu íntimo humilhada
vive em Deus abandonada.
3. Sem apego a qualquer coisa,
a alma fervida repousa
no seu amado Senhor,
a quem doa o seu amor.
4. Sacrifica-se no altar,
mergulhada nesse mar
do seu querido Esposo
onde encontra o seu repouso.
5. Pouco a pouco despertando,
ao Esposo vai saudando
com suave doce canto:
Aleluia! Santo! Santo!
6. Se quiseres bem cantar,
em tua cela fica a orar;
e pra bem louvar Jesus
fica alegre sobre a cruz.
7. E contempla o Redentor,
preso à cruz só por amor,
que te fala como em prece:
“Minhas dores compadece!”
8. Não de glória, mas de espinhos
pra livrar dos maus caminhos
quem na culpa se envaidece.
Quem de mim se compadece?
9. Mãos e pés à cruz pregado
pelos cravos transpassados,
todo corpo dolorido,
por açoites tão ferido!
10. “Se contemplas o meu peito
perfurado pela lança,
vê a cela em que descansa
o que me ama com efeito.”
11. Se soubesse qual a dor
do teu amigo Salvador,
ao se ver tão esquecido,
por seus filhos ofendidos.
12. Entendeste esta lição,
Minha filha? Vai então
E sozinha na tua cela
Toda atenta dá-te a ela.
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“São Paulo da Cruz enviou esta poesia a Inês Grazi em 1740 e à Madre Rosalia, para que a lesse e se servisse dela, pois, não era coisa sua, mas, de Deus e, na verdade, continha uma direção belíssima para guiá-la à mais alta contemplação...”(Enrico Zoffoli,, S.Paulo da Cruz, H.C.II, p.220).
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